Rascunho de vida

Uma linha torta

será que teria quer ser diferente?

Me sinto tão indiferente...

tão neglicenciada e diferente

sempre foi assim, mas até quando?

Será que dramatizo?

Não sei mais ter alguém

Não sei mais quem eu sou

Sem nada, sem ninguém

apenas comigo mesma e mesmo assim me perco.

Nem sei mais até onde vou ou tenho que ir

me afogo mais e mais

me aprofundo mais e mais

Não suporto muitas coisas

não entendo nada

Não sei nada.

Só me sinto errada, mas qual  é o certo?

como devo agir?

como tenho que ser?

acho que estou cansando

cansada deste caminho.

Isolada e infeliz.

Está em mim em escolher continuar ou desistir

só em mim estão as respostas...

que vida de merda

que história idiota

que pessoa insignificante

que destruição de mim mesma

simplesmente me sinto o rascunho e a página rasgada de um folhetim qualquer...

sem importância nenhuma.

A morte

 E o sentimento de dúvida ainda persiste

Porquê aconteceu isto comigo?

Por que eu?

Por que em meu ventre não pode haver vida?

O que está acontecendo?

Como irei superar isto?

Parece um pesadelo

é um momento muito difícil pra mim

Estou tentando superar, me conformar mas está pesado,

nada tem brilho,

nada tem cor

Nada tem graça e a todo instante me pergunto o que fazer pra esta dor passar?

Só sinto tristeza, vontade de me isolar, de não fazer absolutamente nada.

Só quero silêncio

Só quero a minha inexistência...

Cheguei a ligar o chuveiro para poder chorar em paz enquanto lembrava da 2ª perda do meu filho.

Penso que chorar faz bem, pois poderia ser uma forma pratica de aliviar ou amenizar um pouquinho da dor...

Mas os pensamentos ainda persistem,

a mesma pergunta me vem a mente

juntamente com a mesma afirmação: "Eu quero o meu bebê".

Por que eu perdi o meu bebê?

Por que não posso ser mãe?

Estou sendo injusta?

Será que DEUS está me punindo?

Será que NUNCA conseguirei ser mãe?

Me sinto uma mulher incompleta,

defeituosa

me sinto oca por dentro

sinto raiva, ódio, rejeição, aversão desta situação

e ao mesmo tempo culpa e irresponsabilidade.

Penso que de repente não era o momento....ou que nunca será o momento.

Que não mereço tal honra 

minha vida acabou

Não vejo mais sentido pra nada

Se te fato não posso ter meu filho, gerado de meu ventre, prefiro a morte

mil vezes a morte.

Meus dois anjinhos

Meus preciosos dois corações que infelizmente pararam de bater em meu ventre e simplesmente transcenderam de dentro de mim...

Penso, que o lugar onde escolheram seja bem melhor,

 Tamanho este ,paraíso que preparam para a minha possível chegada...um dia.

Meus amados filhos, eu não consegui vê-los, nem senti-los.

Não consegui embalá-los em meu braço e nem fazê-los sentir o meu abraço em meu aconchego de mãe.

Só sei que fui mãe, por duas vezes, que amei e amo mais que tudo mesmo sem vê-los em meu colo.

Fui mãe, sou mãe e não pude pegar os meus bebês no colo.

Eles ocuparam o meu ventre por tão pouco tempo mas este necessário para que o amor se multiplicasse mais e mais.

A tristeza imundou o meu ser quando soube da precoce partida de meus anjinhos, mas ao mesmo tempo senti-me confortada por eles.Senti uma extrema força partindo de mim em direção a uma nova caminhada, uma nova tentativa talvez?

Não sei e nem poderei responder neste momento.

Só consigo vislumbrar uma esperança descomunal em minha vida e o amor de mãe, este para sempre habitará em minha alma.

Obrigada meus amores, meus 2 anjinhos!